A endometriose afeta 6 a 10% das mulheres em idade reprodutiva; 1 a cada 10 mulheres sofre com endometriose. Isso representa 176 milhões de mulheres pelo mundo. Em 2013 a Secretária de Saúde do Estado de São Paulo informou que a endometriose estava levando sete mulheres para a mesa de cirurgia todo dia em SP.
O endométrio é o tecido que reveste a parte interna do útero. No período fértil, os hormônios fazem uma estimulação para essa camada ficar mais grossa e assim receber o futuro embrião. Se a gravidez não acontece, o endométrio descama e sangra formando a menstruação..
Em mulheres com endometriose, as células do endométrio que deveriam ficar só no útero, migram para ovário, intestino, bexiga, trompas, etc… Fora do lugar, elas provocam uma inflamação, e consequentemente a mulher sente dor.
O lugar mais frequente em que ocorre a endometriose é o ovário, mas ela pode atingir todo o útero por fora, cavidade abdominal, rim, intestino e até o pulmão. Os principais sintomas são cólica muito forte, sangramento intenso durante o período menstrual, dor durante a relação sexual e infertilidade feminina.
Por que isso ocorre?
Menstruação Retrógrada
Existe uma teoria para explicar isso, que se chama teoria da menstruação retrógrada. Segundo essa teoria ocorre um mecanismo de refluxo do sangue menstrual, ou seja, o sangue menstrual ao invés de sair pelo canal da vagina, ele segue em direção as trompas e a cavidade pélvica.
Esse sangue menstrual carrega os fragmentos do endométrio que é altamente adesivo. Onde as células se aderem, existe o risco delas crescerem e coagularem, causando um intenso processo inflamatório. Isso é estimulado pelo estrogênio. Neste momento, aumentam as chances de desenvolvimento dos focos de endometriose. Como o crescimento do tecido endometriótico depende do estrogênio, consequentemente a condição manifesta-se principalmente entre a menarca e a menopausa.
90% das mulheres tem a menstruação retrograda mas só 10% dessas mulheres desenvolvem a endometriose. Por que?
Porque existe uma propensão para a implantação, nesses 10% de mulheres que sofrem com endometriose. São eles um ambiente endócrino e metabólico favorável, uma falha no sistema imunológico, quando o corpo é incapaz de reconhecer e destruir essas células que estão presentes em locais onde não deveriam estar e resposta inflamatória exacerbada.
Resistência a Progesterona
Na endometriose acontece uma desregulação nos receptores de progesterona, ou alteração nas vias de sinalização que trazem uma resistência a ação da progesterona. A progesterona atua de modo a promover a apoptose, ou seja, a morte celular programada de células com anomalias. Esse processo é importante para impedir a proliferação de células endometriais em lugares onde elas não deveriam estar.
Fatores Ambientais
Existem os fatores ambientais, como a combustão de poluentes que acumulam toxinas (dioxina) nos tecidos gordurosos da mulher, porque a dioxina traz resistência a progesterona, assim como o BPA, bifenils policlorados, pesticidas organoclorados, ftalatos, DEHP.
Fatores de Risco da Endometriose
– gestação diminui risco de endometriose porque aumenta a progesterona
– menarca cedo ( menos de 12 anos) e menopausa tardia estão relacionadas com a endometriose
– ciclos menstruais curto ( menos de 26 dias) aumenta chance de endometriose
– quanto maior a duração do ciclo maior o risco de endometriose
Ou seja, quanto mais se expõe o endométrio a menstruação maiores a chances de endometriose
– fatores genéticos
– mulheres com sardas
– manter IMC adequado diminui risco de endometriose
– álcool aumenta o risco e exercício regular diminui chances de endometriose
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