Você sabia que a deficiência de vitamina D e de ácido fólico no primeiro trimestre de gestação podem gerar depressão no último trimestre de gestação? É o que mostra o trabalho entitulado “The synergistic effects of short inter-pregnancy interval and micronutrients deficiency on third-trimester depression” da revista científica Frontiers in Nutrition realizado em setembro de 2022. Foi um estudo grande, com 5951 gestantes.
A depressão é uma complicação bastante comum durante a gravidez e pós-parto. Nos países desenvolvidos, a prevalência de depressão no período entre 22 semanas e 7 dias após o nascimento (periodo perinatal) é estimada em 6,5-12,9%. A depressão durante a gravidez deve ser levada muito a sério, porque está relacionada a complicações importantes, incluindo parto prematuro, baixo peso ao nascer, restrição de crescimento fetal, hipertensão, pré-eclâmpsia e diabetes mellitus gestacional.
Muitos estudos controlados anteriores a esse já mostraram que a depressão materna pode afetar o desenvolvimento fetal, alterando o sistema serotoninérgico especialmente o hormônio liberador de corticotropina, e até mesmo alterando a estrutura anatômica do grande cérebro de bebês no estágio inicial de vida, prejudicando o desenvolvimento comportamental, emocional, habilidades sociais e levando a uma comunicação lenta. Portanto, a depressão perinatal não tratada trará sérias consequências para as mães e seus filhos, famílias e toda a sociedade. Será um grave problema de saúde pública, e as consequências afetarão até mesmo gerações.
Nutrientes adequados são necessários para muitos aspectos da função cerebral normal e a ligação entre nutrição e humor já está totalmente comprovada. O ácido fólico é essencial para a síntese e regeneração da tetrahidrobiopterina, que é um cofator essencial na transformação de aminoácidos neurotransmissores. Além disso, a falta de ácido fólico pode levar a um aumento da concentração de homocisteína, afetar a síntese, reparo e metilação do DNA e alterar a expressão de genes reguladores do desenvolvimento neural. A deficiência de ácido fólico também está relacionada à resistência medicamentosa ao tratamento antidepressivo, o que aumenta a taxa de recorrência da depressão. O ácido fólico também foi usado com sucesso para fortalecer o tratamento de antidepressivos em estudos anteriores.
Muitos estudos anteriores de alta qualidade mostraram que níveis mais baixos de vitamina D podem estar associados à depressão perinatal. Esse mecanismo pode estar relacionado à localização dos receptores de vitamina D no cérebro. A vitamina D também tem um efeito protetor sobre os baixos níveis de dopamina e serotonina. Na deficiência de vitamina D, o preenchimento dos receptores é insuficiente, o que pode interferir no funcionamento normal dos processos hormonais de prevenção de doenças cerebrais, levando a distúrbios emocionais e depressão.
Também é sabido que a vitamina D tem outras inúmeras influências positivas na gravidez, como formação da placenta, prevenção de pre eclampsia, diabetes gestacional, parto pre maturo, atua no sistema imunológico impede hipocalcemia e raquitismo no bebe. O ácido fólico já é uma vitamina gestacional mais famosa, importante no fechamento do tubo neural do bebe.
Por isso, é importante verificar os níveis séricos de vitamina D e de ácido fólico na gestante no primeiro trimestre. Na verdade, o ideal seria já realizar essa verificação e suplementação na mulher que ainda está querendo engravidar.
O estudo também cita que a realização de parto cesariano anterior e um intervalo curto entre as gestações também são fatores de risco para a depressão.
A vitamina C também é uma vitamina importante na depressão e ansiedade, e mulheres gestantes com ansiedade podem tomar até 1 grama ao dia de vitamina C ao dia ou aumentar o consumo de kiwi, laranja ou acerola.
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